FAO Representation in Brazil

09/05/2024 | News release | Archived content

FAO participa da 5ª Conferência Global sobre Clima e Sinergia de ODS, onde governos, especialistas e jovens buscam soluções integradas

05/09/2024

Como impulsionar soluções integradas que enfrentem a emergência climática e as crises de desenvolvimento sustentável conjuntamente? Este será o desafio discutido por governos, especialistas e representantes da sociedade civil na Quinta Conferência Global sobre Sinergia Climática e ODS, entre 5 a 6 de setembro de 2024, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

A Conferência está sendo co-organizada pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UN DESA) e pela ONU Mudanças Climáticas (UNFCCC), tendo como anfitrião o Governo do Brasil, em conjunto com seu atual papel na Presidência do G20. O Representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Jorge Meza, participou da abertura do evento.

Os compromissos globais em relação aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) estão muito aquém do planejado, o que confere urgência à Conferência. As emissões continuam a aumentar, enquanto a ação climática no âmbito do Acordo de Paris caminha a passos lentos.

Os últimos 12 meses foram os mais quentes já registrados. O Relatório sobre os ODS 2024, que monitora o progresso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, alertou que apenas 17% das metas dos ODS estão no caminho certo.

Uma Conferência para examinar as sinergias para superar as divisões

A Conferência inclui mesas redondas e discussões com contribuições de especialistas dos Estados-membros, agências da ONU, jovens, sociedade civil, setor privado e outras partes interessadas. Em diferentes tópicos, buscam-se soluções sinérgicas que possam ajudar a superar a divisão financeira e garantir transições equitativas alinhadas com a limitação do aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius.

O evento conta com um segmento de alto nível com declarações de governos, incluindo Brasil, Dinamarca e Japão, os três países que sediaram conferências dessa série de sinergias, bem como outros Estados-membros ativos nas COPs climáticas e nos processos de revisão dos ODS.

Outros tópicos da agenda incluem a regeneração da natureza e o uso da bioeconomia como um paradigma fundamental; a mudança para estilos de vida com consumo e produção mais sustentáveis; e como as cidades podem ser propulsoras de soluções sinérgicas, criando ação climática e resiliência em nível local.

Desigualdade gera pobreza, fome e vulnerabilidade climática

O mandato da FAO está relacionado com os ODS 1 e 2: erradicar a pobreza e acabar com a fome no mundo. Contudo, as desigualdades econômicas e sociais seguem sendo barreiras para alcançar esses objetivos. Um exemplo disso é o fato de que apesar de haver alimentos suficientes no planeta para alimentar a todos, cerca de 9% da população mundial ainda passa fome, e aproximadamente 30% está em situação de insegurança alimentar.

As populações mais vulneráveis do ponto de vista econômico também são as mais vulneráveis às mudanças climáticas. "A maneira eficiente de diminuir a vulnerabilidade às mudanças climáticas é diminuir ou, melhor ainda, acabar com a pobreza e a fome no mundo", destaca o Representante da FAO no Brasil, Jorge Meza.

A FAO realizou várias estimativas dos custos para acabar com a fome. A conclusão é que as políticas e intervenções necessárias para retomar o caminho em direção ao cumprimento das metas 2.1 e 2.2 dos ODS exigiriam, até 2030, cerca de US$ 4 trilhões adicionais. Parece muito, mas é importante lembra que em um único ano, em 2023, os gastos militares poderiam ter alcançado metade desse valor.

"O fluxo de recursos relacionados à mitigação das mudanças climáticas deve chegar às pessoas mais pobres", reforça Meza. As populações vulneráveis podem contribuir decisivamente para um mundo mais sustentável. Por meio de programas especificamente desenhados, pode-se chegar a resultados com um duplo efeito positivo: impacto climático e desenvolvimento socioeconômico para os mais vulneráveis.

Pesquisa especializada e apoio crescente

As discussões no evento se baseiam em um conjunto crescente de evidências que mostram a necessidade de ações sinérgicas. Um Grupo de Especialistas em Sinergia Climática e ODS convocado pela ONU concluiu que devemos resolver os desafios da emergência climática e do desenvolvimento sustentável juntos, se quisermos resolvê-los de fato.

Mais de 80% das metas dos ODS estão diretamente ligadas ao clima, apontaram, observando que não é mais viável abordar essas duas crises separadamente. Os membros do Grupo de Especialistas apresentarão suas descobertas e análises sobre o estado global do progresso da pesquisa de sinergias na próxima conferência.

"Governos e especialistas estão reconhecendo cada vez mais a necessidade de soluções integradas. O balanço global na COP28 destacou a importância fundamental dos SDGs para atingir as metas climáticas", disse Li Junhua, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais.