10/28/2024 | News release | Archived content
O progresso para alcançar os compromissos históricos da COP15 agora depende da integração dos sistemas agroalimentares nas Estratégias e Planos de Ação Nacionais de Biodiversidade.
Cali, Colômbia - Reduzir a distância entre a ambição e a implementação é o próximo desafio na luta pela conservação da vasta diversidade de espécies vegetais e animais, incluindo os habitats de que dependem - e dos quais também dependemos.
Atualmente, uma em cada 11 pessoas no mundo sofre com a fome, e estima-se que 585 milhões de pessoas estarão cronicamente desnutridas até 2030. Sem biodiversidade, corremos o risco de não conseguir alimentar o mundo de forma sustentável.
Na Conferência de Biodiversidade COP16 deste ano, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) foca em ajudar seus membros a passar de compromissos para planos concretos. Embora os objetivos de biodiversidade geralmente estejam associados a animais exóticos e áreas de conservação, a chave para o sucesso global é garantir paz com a natureza, não apenas protegendo-a, mas também assegurando uma gestão sustentável da biodiversidade na agricultura e nos sistemas alimentares.
"Os sistemas agroalimentares são essenciais para enfrentar os grandes desafios relacionados ao clima, biodiversidade e manejo da terra," diz Kaveh Zahedi, Diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO. "Devem ser priorizados nos acordos ambientais multilaterais, receber mais recursos qualitativos e quantitativos, e ser plenamente integrados aos processos de planejamento e estratégias nacionais."
A COP15, realizada em Kunming, China, e Montreal, Canadá, foi um momento decisivo, com 196 países acordando 23 metas para 2030 e quatro objetivos principais para 2050. Um feito fundamental, e especialmente relevante para a FAO, foi o reconhecimento do papel central do uso sustentável da biodiversidade, inclusive através da agricultura, ampliando o alcance de políticas e ações além da mera conservação.
"A COP16, que acontece em Cali, é o momento em que essa imensa ambição precisa se converter em planos concretos, e precisamos garantir que o foco no uso da agricultura para promover a biodiversidade permaneça em destaque", destaca Zahedi.
Os setores agroalimentares - produção de cultivos e pecuária, silvicultura, pesca e aquicultura - estão relacionados a todos os objetivos do Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal. A publicação "Cumprir o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal por meio dos sistemas agroalimentares ", lançada nesta semana, destaca os vínculos entre cada meta do marco e os sistemas agroalimentares. Isso inclui objetivos como restauração de ecossistemas, espécies invasoras, e poluição, além de recursos genéticos para a alimentação e a agricultura, saúde do solo e polinização.
A conservação e o uso sustentável da biodiversidade sempre foram fundamentais para o mandato da FAO. Seu trabalho na área é guiado pela Estratégia para a Integração da Biodiversidade nos Setores Agrícolas e seu Plano de Ação, com foco em construir sistemas agroalimentares resilientes para enfrentar a insegurança alimentar e a desnutrição em todas as suas formas.
A FAO é a agência responsável por monitorar cerca de 25 indicadores-chave do Marco Global de Biodiversidade.
Algumas iniciativas da FAO na COP16
A FAO participa de diversos eventos e apresentações durante a cúpula COP16, incluindo o lançamento de um projeto financiado pela Alemanha em apoio ao AFR100, uma iniciativa para restaurar 100 milhões de hectares de terras degradadas na África até 2030.
Em um evento especial, celebrou-se a ratificação da Colômbia ao Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, em Cali, no dia 22 de outubro de 2024, tornando-se a 153ª parte contratante do Tratado.
O Dia da Restauração, em 30 de outubro, fará parte da agenda da Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas e incluirá o lançamento de Diretrizes para a Meta 2.
A FAO também oferece assistência técnica aos países membros com suas Estratégias e Planos de Ação Nacional de Biodiversidade (NBSAPs, em inglês), garantindo a integração de políticas e práticas agroalimentares. A organização já apoiou 40 países e compromete-se a ampliar esse suporte, incluindo as fases de implementação e monitoramento.
Em 30 de outubro, durante a Sessão de Alto Nível, que reunirá mais de 100 ministros de todo o mundo, a FAO, junto com a Secretaria da Convenção sobre Diversidade Biológica, lançará a Iniciativa de Apoio às Agri-NBSAPs. A iniciativa se concentrará em 15 países e ajudará a identificar ferramentas financeiras avançadas, esquemas e políticas inovadoras que incentivem práticas favoráveis à biodiversidade nos sistemas agroalimentares, avaliando seu impacto na biodiversidade e os resultados socioeconômicos, acelerando assim a implementação do Marco Global de Biodiversidade.
A FAO também publicará um novo relatório, "Impactos da Biodiversidade nas Contribuições Determinadas a Nível Nacional nos Sistemas Agroalimentares", que examina como as ações para atingir os objetivos de adaptação e mitigação climática por meio dos sistemas agroalimentares podem impactar a biodiversidade, buscando identificar sinergias e benefícios compartilhados entre essas áreas altamente interconectadas.
Outras publicações incluem orientações sobre restauração de ecossistemas, planejamento do uso do solo, proteção, conservação e manejo sustentável das florestas, além de uma série que demonstra como a FAO trabalha com o Fundo para o Meio Ambiente Global para acessar recursos de investimento.
Mensagens principais da FAO
É essencial que as partes interessadas reunidas em Cali capitalizem os acordos da COP15 e aproveitem as oportunidades para integrar os sistemas agroalimentares em seus marcos de planejamento e políticas de biodiversidade.
As soluções nos sistemas agroalimentares são soluções para o clima, a biodiversidade e a terra, oferecendo uma maneira de enfrentar os principais desafios interconectados que afetam as pessoas e o planeta hoje. Elas precisam ser priorizadas em acordos ambientais multilaterais e integradas aos processos de planejamento nacional e estratégias. Serão necessários mais recursos financeiros, quase certamente superiores a um trilhão de dólares, para fortalecer as ações de biodiversidade e clima, e direcionar a transformação dos sistemas agroalimentares é essencial.
Ao mesmo tempo, ampliar as soluções dos sistemas agroalimentares por meio de políticas, inovação e tecnologias habilitadoras é fundamental para alcançar pequenos agricultores e produtores. A transformação dos sistemas agroalimentares deve ser equitativa, inclusiva e sensível ao gênero para maximizar seu impacto.
Os sistemas agroalimentares são complexos e oferecem uma ampla gama de soluções práticas. Zahedi, da FAO, destaca a restauração do solo como exemplo de intervenção eficaz em terras degradadas - que representam um terço do total -, capaz de aumentar a biodiversidade, melhorar a captura de carbono e aumentar os rendimentos das colheitas.
Mais sobre este tema:
FAO na COP16
Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal
FAO: Implementação do Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal por meio dos sistemas agroalimentares
Estratégia de Biodiversidade da FAO
Plano de Ação
Entrevista em vídeo com Kaveh Zahedi, Diretor da Área de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO
Dados e indicadores de biodiversidade da FAO
Mais informações sobre o trabalho da FAO em biodiversidade