10/29/2024 | Press release | Distributed by Public on 10/29/2024 11:25
No coração do Tocantins, Seu Zé Neto, um produtor rural de 87 anos, conhecido por sua simplicidade e sabedoria carrega uma paixão especial: o babaçu. As palmeiras de babaçu, que dominavam a paisagem da sua terra, eram muito mais que árvores para ele. Elas representavam vida, história e sustento. Com elas, Seu Zé Neto aprendeu a sobreviver e ensinou seus filhos e netos o valor da terra. Com o passar dos anos, a pressão para derrubar as árvores e implementar uma lavoura aumentava. Muitos vizinhos trocaram as palmeiras por pastagens ou soja, mas ele se manteve firme. "A terra nos dá o que precisamos. O babaçu é generoso, só precisa de cuidado, assim como a gente." Ele se tornou um guardião das árvores, enquanto outros cederam.
Nesse cenário de conversação e desenvolvimento econômico, com apoio do Fundo Vale, nasceu a Caaporã, startup focada em sistemas agrossilvipastoris. A empresa está inovando com um projeto que integra a pecuária sustentável com a preservação dos babaçus. O trabalho está sendo desenvolvido em uma fazenda em São Bento, interior do Tocantins, e combina a produção de gado de corte com a geração de créditos de carbono, ao mesmo tempo que apoia as comunidades extrativistas locais, que dependem do babaçu para sua subsistência. A iniciativa busca criar soluções inovadoras e de impacto socioambiental positivo.
Mais do que gado: uma pecuária que respeita a natureza
Diferente do que muitos imaginam, os sistemas silvipastoris não são apenas uma forma de integrar o plantio de árvores nas pastagens. Eles oferecem uma série de vantagens, tanto para o bem-estar dos animais quanto para o meio ambiente. As árvores, por exemplo, proporcionam sombra e abrigo, reduzindo o estresse dos animais e, consequentemente, aumentando sua produtividade. Além disso, as raízes ajudam a preservar o solo, prevenindo erosão e melhorando a retenção de água, o que resulta em pastos mais saudáveis e férteis.
"O que torna esse projeto em Tocantins especial é que, além de plantarmos novas árvores nas áreas de pastagem, estamos preservando as palmeiras de babaçu nativas", explica Luis Fernando Laranja, CEO da Caaporã. "Essa combinação aumenta o sequestro de carbono, ajudando a combater a crise climática e a proteger a biodiversidade. E o mais interessante é que o carbono capturado pode ser convertido em créditos de carbono, gerando uma nova fonte de renda."
Produção de baixo carbono e tecnologia aliada ao campo
Para garantir uma produção pecuária sustentável, a Caaporã utiliza um manejo rotacionado das pastagens. Isso significa que cada área de pasto tem tempo para se recuperar, evitando superlotação e garantindo pastos de alta qualidade para os animais. Como resultado, há uma menor dependência de insumos externos, como fertilizantes e rações, o que diminui os custos e o impacto ambiental.
Além disso, a empresa investe em tecnologia de ponta para monitorar o uso das pastagens e a saúde do gado. Sensores e dados permitem ajustes precisos no manejo, otimizando os recursos e melhorando a eficiência da produção. O foco também está em dietas balanceadas que aceleram o ganho de peso dos animais, aumentando a produtividade em menos tempo.
Com seus quase 90 anos, o "senhor dos babaçus" caminha pelo campo, olhando para o alto das palmeiras e agora vê o gado, apontado por muitos como um vilão da floresta, descansar sob a sombra farta das árvores nativas. E, graças a ele, o babaçu continuou a dar sombra, frutos e esperança para as próximas gerações, que finalmente entenderam que preservar também é uma forma de progresso.