10/24/2024 | News release | Archived content
Entre 22 e 24 de outubro, especialistas de 15 países da América Latina e Caribe trocam experiências inovadoras sobre como evitar a perda e o desperdício de alimentos. O workshop ocorre no âmbito do G20, organizado pela FAO, o PNUMA, o Instituto Thünen, a Embrapa e outros parceiros
O Workshop "Prevenção de Perdas e Desperdício de Alimentos", realizado entre os dias 22 e 24 de outubro de 2024, na sede da Embrapa, em Brasília, reúne especialistas de toda a América Latina e Caribe para discutir soluções inovadoras e práticas colaborativas na redução de desperdício de alimentos. O evento, que contou com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e diversos parceiros, faz parte da iniciativa do G20 (MACS-G20) para trabalhar agricultura e nutrição.
Ao longo da programação, cerca de 150 representantes de governos, sociedade civil, organizações internacionais, academia e de empresas da área de tecnologia e alimentação apresentaram experiências práticas realizadas em diferentes países da região para reduzir o desperdício. Planos e estratégias nacionais, mutirões em centros de abastecimento, estudos estatísticos, campanhas de comunicação, aplicativos inovadores entre outras iniciativas foram compartilhadas.
Para Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, o Brasil, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, deve assumir papel de liderança no combate ao desperdício. "A Embrapa tem dedicado investimentos em tecnologias que contribuam para mitigar essas perdas. Temos trabalhado com inovações, revestimentos biodegradáveis para a conservação de frutas, embalagens anatômicas que prolongam a vida útil de produtos e a tecnologia SpectFit, que permite análises não destrutivas da qualidade dos alimentos através da ressonância magnética nuclear", explicou.
Em 2022, estima-se que mais de um bilhão de toneladas de alimentos tenham sido desperdiçados no mundo, sendo 60% desse total oriundo dos domicílios. O desperdício não apenas agrava a insegurança alimentar, que já atinge 733 milhões de pessoas, mas também contribui para cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, principalmente por meio da liberação de metano, um gás com impacto direto no aquecimento global.
Jorge Meza, representante da FAO no Brasil, ressaltou a necessidade de tornar o desperdício de alimentos um custo significativo. Citando o exemplo da Coreia do Sul, que recicla 97% dos resíduos alimentares, lembrou que políticas públicas rigorosas podem transformar esse manejo. Meza também enfatizou a importância de reestruturar os sistemas agroalimentares globais para responder de maneira mais eficaz a esses desafios. "Se nós investirmos nos temas agroalimentares como esses níveis de perda de desperdícios, também estaremos perdendo", alertou.
Beatriz Martins Carneiro, coordenadora regional de sistemas alimentares do PNUMA, celebrou a disseminação de iniciativas regionais que contribuem para a construção de um ecossistema de combate às perdas e ao desperdício. No entanto, ela apontou que ainda existem barreiras para acelerar os avanços, como a coleta de dados confiáveis."A nossa região carece de dados sobre o desperdício de alimentos. Dos 10 países com estimativas, apenas a Jamaica tem dados de alta confiança. Precisamos de estudos nacionais mais representativos", alertou.
Do lado governamental, Osmar de Almeida Jr, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Social, reforçou que a eliminação das perdas de alimentos é uma prioridade nas políticas públicas do Brasil. "Para atingir a erradicação da fome e da pobreza e a instituição de um sistema de segurança alimentar e nutricional, é necessário que sejamos vitoriosos nessa batalha de combate à perda e ao desperdício de alimentos", afirmou.
Por outro lado, Eduardo dos Santos, diretor no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, destacou a conexão entre a política de redução de desperdício e a economia circular, mencionando a produção de fertilizantes a partir de resíduos alimentares como um exemplo de como o Brasil busca integrar sustentabilidade ao seu planejamento setorial de mitigação de resíduos."O combate ao desperdício de alimentos gera diversas externalidades, como o combate à fome e oportunidades para o setor de alimentos. É ganha-ganha: um ganho ambiental e social", sublinhou.
Resultados esperados
Realizado no âmbito do MACS-G20, o Workshop foi organizado pelo Instituto Thünen da Alemanha, a Embrapa, a FAO, o PNUMA, o Ministério do Desenvolvimento Social do Brasil, a Aliança Global de Pesquisa (GRA), o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina, com o apoio de várias organizações parceiras.
Espera-se que a oficina resulte na identificação de novas práticas promissoras, fortalecimento das redes de colaboração e desenvolvimento de recomendações concretas para formuladores de políticas. As instituições organizadoras estão comprometidas em garantir que as discussões se traduzam em ações tangíveis, que levem à redução efetiva das perdas e desperdício de alimentos.
Para Elizabeth Kleiman, responsável pela área de Sistema Agroalimentar Sustentável, na FAO Argentina, foi perceptível o aumento da colaboração regional desde o primeiro encontro, realizado em 2018 em Buenos Aires. "A troca de experiências faz com que se encontre muitas similitudes entre os países da região, gerando resultados positivos", celebrou.