11/23/2022 | Press release | Distributed by Public on 11/23/2022 06:00
As pressões inflacionistas consolidaram-se, levando os principais bancos centrais a iniciar processos de subida das taxas de juro oficiais. Apesar de as taxas de juro se manterem ainda em níveis contidos, o caráter abrupto do processo de normalização de política monetária coincide com a degradação das perspetivas para a atividade económica.
O enquadramento externo está condicionado pelos desenvolvimentos nos mercados de bens energéticos, avolumando-se expectativas de recessão técnica, tanto na área do euro como noutras grandes economias avançadas.
O enquadramento externo e financeiro mais desfavorável, com efeito adverso sobre o rendimento disponível real, tenderá a penalizar a evolução da economia em Portugal nos próximos trimestres.
Estes desenvolvimentos ocorrem num quadro em que os setores residentes ainda mantêm algumas vulnerabilidades relevantes: (i) os níveis de dívida; (ii) a sensibilidade do serviço de dívida à subida das taxas de juro oficiais, com destaque para empresas e particulares, dada a prevalência de crédito com taxas de juro variáveis; e (iii), no caso do setor bancário, a exposição a determinadas classes de ativos, como seja a títulos de dívida a taxa fixa, designadamente de dívida soberana, e a ativos imobiliários, com destaque para o imobiliário residencial.
Dado o enquadramento e as vulnerabilidades, os principais riscos para a estabilidade financeira são:
Paralelamente a estes riscos, deverão também ser considerados alguns desafios mais estruturais, mas que vêm ganhando atualidade, devendo ser crescentemente internalizados nos processos de avaliação e decisão das instituições financeiras e não financeiras: (i) a transição climática, (ii) a transformação digital, na qual se incluem a resiliência operacional e a minimização dos riscos cibernéticos, e (iii) a alteração no processo de globalização económica e financeira.
A complexidade da situação atual e a materialidade dos riscos que estão associados justificaram um alerta do Comité Europeu do Risco Sistémico (ESRB, na sigla inglesa) em setembro, advertindo para a necessidade de preservar ou reforçar a resiliência do sistema financeiro, mensagem reiterada pelo BCE no início de novembro. O Banco de Portugal manterá uma monitorização contínua da resiliência do sistema financeiro e dos mutuários, perante o agravamento das condições reais e nominais da economia, incluindo das condições monetárias e financeiras que decorrem da normalização da política monetária.