Banco de Portugal

05/19/2022 | Press release | Distributed by Public on 05/19/2022 06:20

NGFS publica documentos sobre diferenciais de risco associados às alterações climáticas e sobre a incorporação de considerações climáticas nas notações de crédito

A Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System (NGFS) divulgou hoje dois documentos. O primeiro é um relatório sobre a eventual identificação de um diferencial de risco entre ativos financeiros "verdes" e "não-verdes". O segundo é uma nota sobre as implicações para a política monetária da consideração de aspetos climáticos por parte das agências de notação financeira.

O primeiro documento insere-se nos esforços dos bancos centrais e supervisores financeiros para integrarem os riscos climáticos nas suas atividades de supervisão, tendo em vista mitigar o impacto desses riscos na estabilidade financeira e aumentar a resiliência de cada instituição supervisionada. Para esse efeito, o relatório discute a eventual existência de um fundamento analítico e empírico, baseado em considerações de risco, para introduzir fatores de ajustamento aos requisitos de capital impostos aos bancos.

O documento tem por base um inquérito realizado a 97 instituições financeiras, que proporciona uma perspetiva transversal sobre os métodos de classificação dos ativos em "verdes" e "não-verdes" e sobre as práticas mais avançadas de análise do respetivo risco. Em complemento à análise dos resultados do inquérito, o documento apresenta também a experiência dos bancos centrais e supervisores financeiros e a perspetiva adotada pelas agências de notação financeira neste contexto.

O relatório conclui que as abordagens tradicionais, assentes em dados históricos ("backward-looking"), não permitem fundamentar, de forma robusta, a existência de um diferencial de risco entre ativos "verdes" e "não-verdes". Aponta também caminhos para se desenvolver o tratamento deste tema, incluindo o recurso adicional a metodologias prospetivas ("forward-looking") e à consideração pelas instituições financeiras dos planos de transição das suas contrapartes.

O segundo documento é uma nota de síntese, elaborada do ponto de vista da política monetária, que integra reflexões resultantes da interação com as principais agências de notação financeira e de um inquérito a diversos bancos centrais, membros da NGFS.

A nota recorda a relevância das notações de crédito para a condução da política monetária e discute algumas questões metodológicas relacionadas com a forma como as agências de notação financeira incorporam os riscos climáticos. Entre elas, o horizonte temporal, a disponibilidade e a qualidade dos dados e o facto de o enquadramento regulatório e metodológico estar ainda em desenvolvimento.

O documento recomenda que as agências de notação financeira continuem a aumentar a transparência nesta matéria, divulgando mais e melhor informação, e que os bancos centrais considerem recorrer a ferramentas complementares das notações de crédito tradicionais.

Sobre a NGFS

A NGFS é uma rede global de bancos centrais e autoridades de supervisão, criada em dezembro de 2017 para promover a gestão dos riscos ambientais no setor financeiro, em especial os riscos associados às alterações climáticas, e para apoiar a transição para uma economia mais sustentável, através da expansão do financiamento "verde". A rede conta atualmente com 114 membros e 18 observadores, de países que representam os cinco continentes e cerca de 85% das emissões globais de gases com efeito de estufa e que são responsáveis pela supervisão da totalidade dos bancos e de cerca de 80% das seguradoras com importância sistémica.

O Banco de Portugal aderiu à NGFS em 2018, afirmando assim o seu compromisso em contribuir, no âmbito do seu mandato, para o esforço global de promoção dos objetivos ambientais e, em particular, de resposta às alterações climáticas.

A abordagem do Banco de Portugal à sustentabilidade está desenvolvida aqui.